O universo das influenciadoras mirins

“O que você quer ser quando crescer?” Essa pergunta costuma ser comum no cotidiano de várias crianças pelo mundo. O que também tornou-se natural foi a resposta “influenciador digital” ou ainda “youtuber”. No século XXI, esse desejo pode virar realidade antes mesmo da adolescência. De acordo com a pesquisa da Intel Security, de 500 crianças, 30% delas passam de 2 a 5 horas por dia usando um dispositivo móvel.


No Distrito Federal, o mercado dos influenciadores mirins ainda está em desenvolvimento, entretanto já existe um grupo consolidado chamado “Mini Fashionistas BSB”, que reúne os responsáveis de crianças de 2 a 12 anos que já são conhecidas na internet. Há crianças de 2 anos com conta no Instagram. Outras, aos 5, já desfilaram para grandes marcas infantis. Há caso ainda de influenciadora que foi convidada a fazer campanha para o governo.
Para Diovana Ortiz, 2 anos, as câmeras fazem parte da sua família. Com apenas meses de vida, sua mãe, Amanda Ortiz, já postava fotos e vídeos mostrando o dia a dia, as brincadeiras e até os famosos “looks do dia” da pequena. Hoje, a influenciadora mirim já possui mais de 32 mil seguidores no perfil @aventuras_da_dio.
“Desde que ela nasceu, eu posto fotos, pois tenho família que mora longe e através dos posts eles ficam mais próximos do desenvolvimento dela”, explica Amanda. A mãe da Diovana relata que para a pequena tudo é uma grande diversão: “Não vejo como trabalho, é uma diversão que mãe e filha fazem juntas.”


Uma influenciadora digital é a pessoa que, por meio do conteúdo próprio, consegue influenciar a maneira que seus seguidores consideram determinadas questões. Com 70 mil seguidores e mais de 900 publicações, Valentina Caxito, 5 anos, diz que é muito divertido ser influenciadora. “Eu gosto muito! A coisa mais legal é desfilar!”, conta. A mãe, Priscila Caxito, afirma que a influenciadora tem liberdade para dizer como se sente. “Se está legal para fazer a coisa, ela faz. Se não está, ela não faz e não tem problema nisso”, explica.
Priscila conta que a pequena não possui acesso ao Instagram. Segundo a responsável, Valentina já faz alguns stories sozinha, mas a mãe está sempre ao lado monitorando.  Diferente de Valentina, mais de 24 milhões de crianças e adolescentes no Brasil vivem conectados. É o equivalente a  82% da população de jovens do país, de acordo com pesquisa realizada pela TIC Kids Online Brasil em 2016.


É só diversão! Isto que as mães entrevistadas afirmaram. Fabiana Miranda, irmã de Alice, 6 anos, e responsável pelo Instagram @alicesaoficial, contou que jamais pensou na vida de influenciadora mirim como um trabalho. “Com a Alice foi tudo muito natural, não vejo dessa forma. Não tratamos como um trabalho, aqui a gente não fala assim”, relata.  


E a rotina?
Será que as influenciadoras mirins levam a vida como qualquer outra criança? As mães afirmam que sim, elas possuem uma rotina com hora para acordar, brincar, estudar e...tirar fotos! Segundo Priscila, mãe da Valentina e responsável pelo Instagram @valentinacaxito, a digital influencer tem uma rotina normal e ela sempre respeita o tempo da filha. “A gente se adequa aos pedidos. Ás vezes ela tem eventos e participações, mas a rotina é normal, nós mostramos a rotina no stories”, conta.
Maria Isabella, 5 anos, além de cumprir atividades normais na sua rotina, possui a hora de fazer os famosos “recebidos”, momento em que a influenciadora abre e divulga os presentes que as marcas enviam. “Ela também faz visitas às lojas e participa de presenças VIP’s de marcas infantis”, ressalta Ludimila, mãe da Maria Isabela.



A relação da publicidade
Em 2018, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) condenou oito ações que envolviam influenciadores mirins. As reclamações tratavam-se de clareza, os influenciadores não demonstraram que a ação era uma publicidade. De acordo com  o artigo 6° do Código de Defesa do Consumidor, a propaganda invisível ou oculta, é prática desleal contra o consumidor.
O merchandising é considerado uma prática abusiva e desrespeitosa quando o público-alvo é o infanto-juvenil, por aproveitar-se da condição vulnerável de crianças e adolescentes. A psicóloga Janine Costa explica que a questão do consumismo deve passar pela revisão dos pais ou responsáveis. “O fato da criança não só ser exposta ao apelo consumista, mas se tornar uma divulgadora do consumo já é danoso de uma maneira geral”, esclarece.
A profissional afirma que é necessário ter cuidado com a exposição das crianças. “Elas não têm estrutura emocional para lidar com críticas e, inclusive, com elogios, porque isso de alguma forma afeta a autoimagem e infla de maneira desnecessária um ego que ainda está em formação”, explica.
A maioria das entrevistadas trabalham por permuta ou remuneração. Os responsáveis afirmaram cuidar do dinheiro recebido pelas marcas. “Ela já recebeu cachê de eventos e algumas marcas pagam para divulgação no Instagram”, conta Priscila Caxito.

Bom senso
As imagens postadas das crianças podem ficar muitos anos na internet, é impossível controlar o risco da imagem ser divulgada ou guardada em redes e sites perigosos. A preocupação dos responsáveis é real.
Monique Sampaio, mãe da Nicole Sampaio, 2 anos, é bem cuidadosa com a privacidade e segurança da filha. “Eu costumo não divulgar os locais exatos que ela está e escondo as logos das empresas que ela vai durante a rotina, como escola e natação”, conta.




Para os pais de plantão, fica a dica: orientação e cuidado devem estar sempre presentes!

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